sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Boas novas


Senhoras e senhores
Atirai o lirismo na lama
Despedaçai as rosas
Que o choro lamentoso na praça ecoará:

É tempo de matar
"É tempo de arrancar o que se plantou."

Dizei aos sonhadores sem pátria
Que não há lírios no vale
Que não há vida após a morte
Que não há norte algum pra lhes guiar

Há, sim, valas com rosas
Vitrines suntuosas de pedras brutas
Com todas as vaidades irreais
enfileiradas cidade afora.

Dizei aos valentes de última hora
Que não há lirismo que vingue
Que não há canção que encerre
Qualquer que seja a dor

É tempo de matar
"É tempo de arrancar o que se plantou"

Atirai o lirismo na lama
Que não há salvação
Fazei da vida mais um funeral
E das tripas, coração

Ide, pregai...

Michelle Portugal 
*Eclesiastes, 3.2