terça-feira, 21 de maio de 2013

Encontros


E então eles disseram coisas que pensavam – porque era certo pensar daquele jeito. Eles se perderam quando mais queriam se encontrar. Essa mania chata de buscar explicação, nomear o que se sente, sempre nos leva o que há de mais belo. Ele via nela qualquer coisa como uma estrela em um céu de uma estrela só. Ela via nele qualquer coisa como um raio num país de só escuridão. Ele não era drogado ou ladrão. E tinha medo. Ela Não era freira ou filha única, de um pai doente ou coisa assim. Mas algo no mundo, algo indiferente e sóbrio, os adormeceu para sempre.

Ela tinha medo também. Não era, pois, amor. Era nada demais. Só uma coisinha que fazia doer, doer sem fim. Porque era certo agir daquele jeito.’eu sinto seu cheiro quando faço nada’, disse ele. ‘Eu tenho o teu gosto na boca’, ela confessou.


Era um nada que era bom. Era tão bom que sentiram medo. Ele disse um dia ‘ adeus’. Ela nada disse. Despediram-se sem dramas. Com o louvor de quem nada sente. Esperando que se revelassem, mas já cansados.

Num dia, então, janeiro ou abril, perceberam-se ausentes.