A moça de cabelos ruivos ornava com o gramado: uma imagem invariavelmente bela. Eu, inerte. E também o céu e o lago e as flores e as folhas e o vento que não as levou.
Aproximou-se, em curvas sutis, pele alva e boca perigosa. Olhos a tragavam, não mais que os meus, famintos. Ombros despidos e um calcanhar esquerdo, que me balbuciava aos ouvidos a melodia de todos os atos. Eu, porém, inerte. E também os galhos da árvore e o balanço e o menino de boné azul.
Depois de um tempo ficou apenas o gramado e o verde e as borboletas. Quiçá tivesse tela e tinta naquela tarde! Contornaria seu tornozelo para depois, no silêncio do meu quarto, vê-lo de perto junto ao pescoço e aos olhos e corpo todo.
Michelle Portugal - 14/09/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário