Queria
mesmo me perder. Desmemoriar. Não lembrar de nomes ou cores. Me perder pra
finalmente me encontrar.
Não
muito triste, mas com certo cansaço eu digo que a vida se repete. E todos os
dias a canção chora na voz do artista. E ouço a canção e me lembro de quantas
canções é feita uma só canção. As pessoas chegam e vão embora. Um dia
percebemos que estamos sós no grande mundo. Não abandonados, renegados de deus.
Deus que nem sempre cabe no próprio nome. Mas sós nesta busca frágil. Algo me
diz que vivi na terra há trezentos anos. Eu chorei como eu choro hoje. E vi as
mesmas estrelas e contei os faróis. Meu coração há de se lembrar. E sempre foi
assim: eu sozinho no mundo, procurando por alguém. Mas alguém não tem nome.
Alguém é sempre quem não temos. E quando temos, já não temos mais.
(Michelle
Portugal)
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