Eu quero saber-me em poética livre
Longe das agruras sugadoras do sentimentalismo
Ausente do que me é banal, incongruente e perecível.
Eu quero salivar no desejo exacerbado de atar-me em laços e fino trato,
sem censura ou inviabilidade de efeitos.
Eu quero, além do céu insípido e da tristeza que paira no ar,
Além do vazio que permeia a essência do que me é refúgio
Além do nada que corrói a última fagulha que havia,
Ouvir-me em canção descompassada.
Sangrar as miudezas que me circulam as veias
Ser a liberdade do vento que não paga pedágio
E a pulsação espontânea em qualquer hora e lugar desimportante.
Eu quero achar-me no fio da meada, da meada que perdi
E saber-me assim, em poética livre
Que de tão livre não se perde nos cortes, nas vírgulas, nos pontos...
E não deixa de possuir a si por um fadado e tolo capricho.
(Michelle Portugal)
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