quinta-feira, 19 de maio de 2011

Levitar



Levitar

Acariciou os punhos para abrandar a tristeza, dissipar a morte, esquecer o amargo da noite. Retomar o norte. Respirou fundo em busca de luz, lastro de vida, seta a indicar um caminho. Não sabia nada sobre superação. Renasceu num sopro, leve piscar de olhos. Ninguém lhe falou de esperança. Não conhecia o vulcão do silêncio. Jamais leu poesia, exceto nas flores e sol. Não se fez ouvida a sua voz, embora doce. Nem se sentiu o seu calor, mesmo muito. Mas cantou. Porque há sempre uma pausa no mundo. No ímpeto da fúria, um segundo. E um fio de luz é sempre luz. Levitou não se sabe como, nem qual nuvem lhe deu a mão.

Michelle Portugal

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